REGULAÇÂO DA VENTILAÇÂO E EXERCICIO
Quando se precisa de grandes quantidades de ar respiratório,
através da excitação dos centros respiratórios podemos modular a freqüência e a
amplitude do movimento, pode se aumentar o valor normal de 0,5 litro a cada respiração,
em até mais de 3 litros , com a frequência
aumentando da normal de 12 por minuto, até tão rápido quanto 50 por minuto.
Como resultado, o volume total de ar que é respirado a cada minuto, pode passar
do normal de 6 litros
até 150 litros ,
aumento de 25 vezes.
Fatores que contribuem para o controle da respiração,
A pressão do
gás carbônico (PCO2) no sangue;
A concentração dos íons hidrogênios (pH) no
sangue;
A pressão de oxigênio (PO2) no sangue;
Resposta dos neurônios
quimiossensíveis aos íons hidrogênio:
Sempre que o íon hidrogênio fica muito concentrado no
sangue, ocorre excitação respiratória. Entretanto, os íons hidrogênio no sangue
não são estímulo tão potente para a respiração, como poderia ser esperado, pela
seguinte razão: as membranas celulares dos neurônios são pouco permeáveis aos
íons hidrogênio. Como resultado, a concentração desses íons no interior das
células não varia na mesma proporção da variação no sangue. Mesmo assim, a
resposta que é produzida é suficiente para fazer com que a concentração desses
íons hidrogênio no sangue seja um dos importantes controladores da respiração.
Efeitos do CO2 na estimulação
da área quimiossensível:
O gás carbônico, ao contrário do que acontece com os íons
hidrogênio, pode difundir muito rapidamente para o interior das células
neuronais, visto que o gás carbônico é muito solúvel nas membranas celulares.
Como resultado, sempre que aumenta a concentração do gás carbônico no sangue,
também aumenta - de forma imediata e proporcional - sua concentração no
interior das células neuronais da área quimiossensível. O gás carbônico reage
com a água intracelular, formando ácido carbônico que se dissocia em
bicarbonato e em íons hidrogênio. Levando-se em conta que os íons hidrogênio
representam o estímulo primário para as células neuronais, pode-se entender,
que o gás carbônico em excesso é também um estímulo muito potente para essas
células.
Regulação da ventilação
alveolar pela deficiência de oxigênio:
A intensidade da ventilação influencia - nas condições
normais - muito pouco a quantidade de oxigênio que chega aos tecidos. A razão
para isso é a seguinte: na intensidade normal da ventilação ou, até mesmo com
intensidade metade do normal, a hemoglobina no sangue fica quase que
completamente saturada com oxigênio, à medida que o sangue passa pelos pulmões.
Aumentando indefinidamente a intensidade da ventilação, até valor infinito, não
produzirá aumento da saturação da hemoglobina pelo fato de que toda a
hemoglobina disponível para combinação com o oxigênio já está combinada. Dessa
forma, não existe qualquer necessidade para um mecanismo muito sensível de
regulação da respiração, para manutenção de concentração constante do oxigênio
no sangue.
Em raras ocasiões, entretanto, a concentração do oxigênio alveolar
cai até valores muito baixos, insuficientes para suprir quantidades suficientes
de oxigênio para hemoglobina. Isso ocorre, especialmente, quando a pessoa
ascende até altitudes muito elevadas, onde é muito baixo o teor de oxigênio
atmosférico. Também pode ocorrer quando a pessoa contrai pneumonia ou alguma
doença que diminua o oxigênio alveolar. Nessas condições, o sistema
respiratório necessita ser estimulado pela deficiência de oxigênio. Um
mecanismo para esse efeito é o sistema quimiorreceptor. Os pequenos corpúsculos
aórticos e carotídeos, cada um deles com apenas pouco milímetros de diâmetro,
ficam situados ao lado das artérias aorta e carotídeas, no peito e no pescoço,
cada um deles possuindo intensa vascularização arterial e contendo células neuronais
receptoras - os quimiorreceptores - sensíveis à falta de oxigênio no sangue.
Quando estimulados, esses receptores enviam sinais pelos nervos vago e
glossofaríngeo, para o bulbo raquidiano, onde vão estimular o centro
respiratório, para aumentar a ventilação alveolar.
Efeito do exercício sobre a
ventilação alveolar:
A ventilação alveolar aumenta em proporção quase direta com
a quantidade de trabalho que é realizada pelo corpo, durante o exercício,
podendo atingir, no exercício mais intenso, até 120 litros/min. Esse valor é
cerca de 20 vezes maior que o correspondente, durante a respiração normal em
repouso. Os fisiologistas ainda têm dificuldade de explicar o mecanismo para o
aumento acentuado da ventilação pulmonar que ocorre durante o exercício. Se não
são os fatores químicos que aumentam a ventilação durante o exercício, esse
aumento deve ocorrer como resultado de algum estímulo que chegue até o centro
respiratório por meio das vias neurais. Duas dessas vias foram identificadas:
- ao mesmo tempo que o córtex cerebral transmite sinais para os músculos em exercício, também envia sinais em paralelo para o centro respiratório, aumentando a amplitude e a frequência da respiração;
- movimento dos membros e de outras partes do corpo durante o exercício enviam sinais sensoriais que ascendem pela medula espinhal, para excitar o centro respiratório.
Se esses dois fatores não conseguem aumentar a respiração
até intensidade adequada, só então o gás carbônico e o íon hidrogênio começam a
ficar acumulados nos líquidos corporais:
- Aumento da VE devido ao tamponamento pelo acúmulo de ácido lático:
C3H6O3 + NaHCO3 --> LaNa + H2CO3 |
H2CO3 --> H2O + CO2
|
A partir do primeiro limiar de lactato, começa a acontecer o tamponamento do ácido lático (C3H6O3) pela ação do bicarbonato de sódio (NaHCO3), formando lactato de sódio (LaNa) e ácido carbônico (H2CO3). O ácido carbônico pela ação da anidrase carbônica é dissociado em água e CO2. Aumenta, portanto, a formação de CO2 (VCO2), que ultrapassa a barreira hemato-encefálica, invadindo a zona quimiossensível do bulbo onde reage com água, formando ácido carbônico, que se dissocia em H+ e HCO3-, estimulando o aumento da ventilação.
CO2 + H2O --> H2CO3 --> H+ + HCO3- |
O aumento de H+ é estímulo para o aumento da VE. Isso ocorre na zona bulbar onde não há anidrase carbônica.- Nova
quebra na VE pela diminuição do pH (aumento de H+).
A partir do segundo limiar de lactato, a VE aumenta ainda mais e é desproporcional ao aumento da VCO2. Isto acontece porque o ácido láctico começa a acumular no sangue (a sua produção é muito maior que a metabolização) provocando o acúmulo de H+ livres no sangue e, conseqüentemente, no interior dos neurônios quimiossensíveis.
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