sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

HISTOFISIOLOGIA NEUROMUSCULAR E CONTROLE MOTOR

HISTOFISIOLOGIA NEUROMUSCULAR
O processo de CONTRAÇÃO MUSCULAR ocorre da seguinte forma: primeiro é indispensável o potencial de ação (PA) que vai se propagar por uma fibra nervosa  chegando até a fibra muscular. Neste local temos a fenda sináptica onde temos vesículas de neurotransmissores (acetilcolina). Esta acetilcolina é liberada após a ativação para a fenda sináptica onde temos o líquido intersticial que separa o motoneurônio da fibra muscular e temos receptores de acetilcolina, onde ela vai se ligar. No momento que acetilcolina se liga ao receptor ela dispara PAs pela fibra muscular essencialmente por estruturas tubulares chamadas túbulos T, junto a esses túbulos têm vesículas que são chamados retículos sarcoplasmáticos, que contém cálcio. Este cálcio precisa ser compartimentado, pois é tóxico, agressivo. E faz isto em vesículas dentro da própria célula. Quando o (PA) se propaga tenho a liberação de cálcio em quantidades limitadas. Este cálcio sai do retículo e vai para o sarcoplasma, que é o citoplasma do sarcômero constituído de filamento fino e grosso. No filamento fino encontramos uma proteína que é a actina, enovelada nela temos a troponina e sobre esta a tropomiosina. O filamento grosso é formado essencialmente pela miosina. Na etapa posterior o cálcio é liberado, ele se liga a troponina (apresenta alta afinidade com o cálcio) quando se liga a proteína muda a configuração espacial. Como a troponina está ligada a tropomiosina ela muda também a estrutura espacial da tropomiosina e a consequência é quando o cálcio ligar, deslocar a troponina, deslocar a tropomiosina vai aparecer uma série de sítios de ligação que com os filamentos expostos se ligam formando as chamadas pontes cruzadas. Na cabeça da meromiosina (filamento grosso) temos ATP, quando se liga, hidroliza o ATP liberando energia. Com isto aparecem as bandas Zs que com o encurtamento do sarcômero que está entre as bandas Zs temos a diminuição do espaço aproximando mais a banda Z do filamento grosso. Resultado: sarcômero encurtado, contraído e o espaço desaparecem entre as bandas. Consequência: contração muscular.


CONTROLE MOTOR

O sistema nervoso possui motoneurôneos que supervisionam os músculos para realização de movimentos. Uma unidade motora é constituída por um motoneurônio e as fibras musculares inervadas por ele. Grupamentos musculares que possuem grandes unidades motoras (um motoneurôneo inervando muitas células) proporcionam gestos motores com menor precisão, como o quadríceps. Já os músculos que possuem pequenas unidades motoras (um motoneurônio inervando poucas células), proporcionam movimentos com maior precisão como os músculos dos olhos
Níveis do controle motor
1 Voluntário
2 Automático
3 Involuntário

Movimento Voluntário

Esse tipo de movimento, no qual a produção e execução do movimento são planejadas de forma consciente e controladas, é dividido em três níveis: programação, resolução e execução. A ativação da zona pré-motora, que planeja o gesto, desencadeia um potencial de ação para o córtex sensório-motor que envia o comando para o tálamo, daí para os núcleos da base, onde há divergência do sinal do cerebelo e para o tronco cerebral, seguindo para a medula, de onde parte para o músculo, via motoneurôneo, iniciando a contração muscular. Posteriormente, estímulos sensoriais chegam ao cerebelo, informando sobre a execução do movimento. No cerebelo, há encontro de informações sobre a ação motora idealizada e realizada. É feito uma comparação entre elas e o resultado é enviado para o córtex sensório-motor, que corrige o movimento, a fim de torna-lo mais preciso. Para executar um gesto são realizadas milhares de correções, e a precisão das correções aumenta com a experiência na execução do gesto. 

Movimento Automático

Tal movimento é coordenado a partir da área motora e ocorre quando os movimentos já foram muito aperfeiçoados, não necessitando de planejamento para serem realizados. Por exemplo, a marcha do bebê, inicialmente, é voluntária, depois se torna automática e sofisticada. O mesmo acontece com a fala e a escrita. Quando o gesto motor é estruturado e automatizado, constitui um programa motor ou engrama: uma via neuromuscular que, uma vez estimulada, se repete automaticamente. Assim, sempre que o indivíduo desejar realizar essa ação motora, ela será reproduzida da mesma forma. Um exemplo é o ato de escrever, depois que se aprende a escrever não é modificada mais a forma da escrita uma vez que se criou um programa motor e ele é usado automaticamente. Quanto mais experiências e habilidades motoras o indivíduo possuir, maior será seu vocabulário motor, sendo mais rápido e fácil seu processo de aprendizagem de gestos ou de esportes.

Movimento involuntário

Este movimento, diferente dos outros, não necessita de controle cortical, pois ocorre ao nível medular. São movimentos reflexos divididos em três tipos: reflexo miotático, reflexo miotático inverso e reflexo flexor.

Reflexo miotático
Depende de um órgão sensorial chamado fuso-muscular, sensível ao estiramento do músculo que é uma célula muscular modificada, localizada em paralelo às outras células musculares no ventre muscular. Os sarcômeros do fuso muscular ficam localizados em suas extremidades, e é inervado pela fibra gama que provoca a contração dos sarcômeros estirando o órgão sensorial. Quando o músculo é estirado, o fuso envia potenciais de ação por uma fibra sensorial até o H medular, onde ela faz a sinapse que ativa o motoneurônio alfa que inerva o músculo estirado, provocando a sua contração. O controle tônico postural é mantido pelo reflexo miotático, já que as suas variações posturais ativam grupos musculares de forma compensatória para manter a postura.
Reflexo patelar: a percussão do tendão patelar gera um pequeno estiramento no quadríceps, ativando o fuso muscular deste musculo, que provoca a sua contração. Este teste é um índice de atividade reflexa miotática e pode ser usado como diagnostico de hipotonia – não responde a percussão – ou hipertonia – tem resposta exacerbada. Observe a figura:






Reflexo miotático e o rendimento físico: realizar uma ação contra movimento, antes do gesto que deseja executar, provoca o estiramento dos grupamentos musculares que serão utilizados para o gesto, ativando o reflexo miotático. Assim através do somatório dos estímulos involuntário e voluntário o recrutamento de células musculares aumenta, bem como a geração de força no gesto. Agachar-se antes de saltar ou flexionar o cotovelo antes de lançar um objeto são exemplos de ações contra movimento.
Reflexo miotático inverso
Depende do órgão tendinoso de golgi, uma terminação nervosa livre encapsulada, localizada no tendão do músculo e sensível a tensão muscular, Quando ativado pela tensão muscular, o OTG, emite um potencial de ação por uma fibra sensorial até o H medular que realiza duas sinapses: uma com um interneurônio inibitório, que irá inibir o motoneurônio alfa, que inerva o musculo tensionado (agonista); e outra com interneurônio excitatório, que irá excitar o motoneurônio alfa que inerva o músculo antagonista. Dessa forma, ocorre um relaxamento do agonista – para protegê-lo de possíveis lesões – e uma contração do antagonista. Um exemplo para este tipo de reflexo é a queda de braço: quando certo grau de ação muscular é atingido, os músculos agonistas relaxam e os antagonistas contraem, provocando a queda do braço do indivíduo derrotado.



 
Diferenças entre reflexo miotático e reflexo miotático inverso: o estiramento da musculatura ativa o reflexo miotático provocando a contração dos músculos estirados, retornando a posição inicial. Porém, quando o entorse for severo, a tensão da musculatura aumenta muito, podendo rompê-la. Assim o reflexo miotático inverso é ativado, relaxando a musculatura e provocando a queda do individuo.
Reflexo flexor
É ativado por um estímulo nociceptivo, que atinge as terminações nervosas livres subcutâneas, as quais geram um potencial de ação até o H medular, onde ocorre sinapses ipsilaterais e contralaterais ao estímulo nociceptivo. No mesmo lado do estímulo, a fibra sensorial faz uma sinapse com um interneurônio excitatório, que estimula o motoneuronio alfa do músculo flexor – levando à retirada do segmento agredido - , e uma sinapse com interneurônio inibitório, que inibi o motoneurônio alfa do músculo extensor, relaxando-o. Simultaneamente, a fibra sensorial cruza o H medular e realiza o processo inverso do outro lado, gerando contração dos músculos extensores e relaxamento dos flexores contralaterais ao estímulo.



 


Nenhum comentário:

Postar um comentário