HISTOFISIOLOGIA NEUROMUSCULAR
O processo de CONTRAÇÃO MUSCULAR ocorre da seguinte forma: primeiro é
indispensável o potencial de ação (PA) que vai se propagar por uma fibra
nervosa chegando
até a fibra muscular. Neste local temos a fenda sináptica onde temos vesículas
de neurotransmissores (acetilcolina). Esta acetilcolina é liberada após a
ativação para a fenda sináptica onde temos o líquido intersticial que separa o
motoneurônio da fibra muscular e temos receptores de acetilcolina, onde ela vai
se ligar. No momento que acetilcolina se liga ao receptor ela dispara PAs pela
fibra muscular essencialmente por estruturas tubulares chamadas túbulos T,
junto a esses túbulos têm vesículas que são chamados retículos
sarcoplasmáticos, que contém cálcio. Este cálcio precisa ser compartimentado,
pois é tóxico, agressivo. E faz isto em vesículas dentro da própria célula.
Quando o (PA) se propaga tenho a liberação de cálcio em quantidades limitadas.
Este cálcio sai do retículo e vai para o sarcoplasma, que é o citoplasma do
sarcômero constituído de filamento fino e grosso. No filamento fino encontramos
uma proteína que é a actina, enovelada nela temos a troponina e sobre esta a
tropomiosina. O filamento grosso é formado essencialmente pela miosina. Na
etapa posterior o cálcio é liberado, ele se liga a troponina (apresenta alta
afinidade com o cálcio) quando se liga a proteína muda a configuração espacial.
Como a troponina está ligada a tropomiosina ela muda também a estrutura
espacial da tropomiosina e a consequência é quando o cálcio ligar, deslocar a
troponina, deslocar a tropomiosina vai aparecer uma série de sítios de ligação
que com os filamentos expostos se ligam formando as chamadas pontes cruzadas.
Na cabeça da meromiosina (filamento grosso) temos ATP, quando se liga,
hidroliza o ATP liberando energia. Com isto aparecem as bandas Zs que com o
encurtamento do sarcômero que está entre as bandas Zs temos a diminuição do
espaço aproximando mais a banda Z do filamento grosso. Resultado: sarcômero
encurtado, contraído e o espaço desaparecem entre as bandas. Consequência:
contração muscular.
CONTROLE MOTOR
O sistema nervoso possui motoneurôneos que supervisionam os
músculos para realização de movimentos. Uma unidade motora é constituída por um
motoneurônio e as fibras musculares inervadas por ele. Grupamentos musculares
que possuem grandes unidades motoras (um motoneurôneo inervando muitas células)
proporcionam gestos motores com menor precisão, como o quadríceps. Já os
músculos que possuem pequenas unidades motoras (um motoneurônio inervando
poucas células), proporcionam movimentos com maior precisão como os músculos
dos olhos
Níveis
do controle motor
1
Voluntário
2
Automático
3
Involuntário
Movimento Voluntário
Esse tipo de movimento, no qual a produção e execução do
movimento são planejadas de forma consciente e controladas, é dividido em três
níveis: programação, resolução e execução. A ativação da zona pré-motora, que
planeja o gesto, desencadeia um potencial de ação para o córtex sensório-motor
que envia o comando para o tálamo, daí para os núcleos da base, onde há
divergência do sinal do cerebelo e para o tronco cerebral, seguindo para a
medula, de onde parte para o músculo, via motoneurôneo, iniciando a contração
muscular. Posteriormente, estímulos sensoriais chegam ao cerebelo, informando
sobre a execução do movimento. No cerebelo, há encontro de informações sobre a
ação motora idealizada e realizada. É feito uma comparação entre elas e o
resultado é enviado para o córtex sensório-motor, que corrige o movimento, a
fim de torna-lo mais preciso. Para executar um gesto são realizadas milhares de
correções, e a precisão das correções aumenta com a experiência na execução do
gesto.
Movimento Automático
Tal movimento é coordenado a partir da área motora e ocorre
quando os movimentos já foram muito aperfeiçoados, não necessitando de
planejamento para serem realizados. Por exemplo, a marcha do bebê,
inicialmente, é voluntária, depois se torna automática e sofisticada. O mesmo
acontece com a fala e a escrita. Quando o gesto motor é estruturado e
automatizado, constitui um programa motor ou engrama: uma via neuromuscular
que, uma vez estimulada, se repete automaticamente. Assim, sempre que o
indivíduo desejar realizar essa ação motora, ela será reproduzida da mesma
forma. Um exemplo é o ato de escrever, depois que se aprende a escrever não é
modificada mais a forma da escrita uma vez que se criou um programa motor e ele
é usado automaticamente. Quanto mais experiências e habilidades motoras o
indivíduo possuir, maior será seu vocabulário motor, sendo mais rápido e fácil
seu processo de aprendizagem de gestos ou de esportes.
Movimento involuntário
Este movimento, diferente dos outros, não necessita de
controle cortical, pois ocorre ao nível medular. São movimentos reflexos
divididos em três tipos: reflexo miotático, reflexo miotático inverso e reflexo
flexor.
Reflexo miotático
Depende de um órgão sensorial chamado fuso-muscular,
sensível ao estiramento do músculo que é uma célula muscular modificada,
localizada em paralelo às outras células musculares no ventre muscular. Os
sarcômeros do fuso muscular ficam localizados em suas extremidades, e é inervado
pela fibra gama que provoca a contração dos sarcômeros estirando o órgão
sensorial. Quando o músculo é estirado, o fuso envia potenciais de ação por uma
fibra sensorial até o H medular, onde ela faz a sinapse que ativa o
motoneurônio alfa que inerva o músculo estirado, provocando a sua contração. O
controle tônico postural é mantido pelo reflexo miotático, já que as suas
variações posturais ativam grupos musculares de forma compensatória para manter
a postura.
Reflexo patelar: a
percussão do tendão patelar gera um pequeno estiramento no quadríceps, ativando
o fuso muscular deste musculo, que provoca a sua contração. Este teste é um
índice de atividade reflexa miotática e pode ser usado como diagnostico de
hipotonia – não responde a percussão – ou hipertonia – tem resposta exacerbada.
Observe a figura:
Reflexo miotático e o
rendimento físico: realizar uma ação contra movimento, antes do gesto que
deseja executar, provoca o estiramento dos grupamentos musculares que serão
utilizados para o gesto, ativando o reflexo miotático. Assim através do
somatório dos estímulos involuntário e voluntário o recrutamento de células
musculares aumenta, bem como a geração de força no gesto. Agachar-se antes de
saltar ou flexionar o cotovelo antes de lançar um objeto são exemplos de ações
contra movimento.
Reflexo miotático
inverso
Depende do órgão tendinoso de golgi, uma terminação nervosa
livre encapsulada, localizada no tendão do músculo e sensível a tensão
muscular, Quando ativado pela tensão muscular, o OTG, emite um potencial de
ação por uma fibra sensorial até o H medular que realiza duas sinapses: uma com
um interneurônio inibitório, que irá inibir o motoneurônio alfa, que inerva o
musculo tensionado (agonista); e outra com interneurônio excitatório, que irá
excitar o motoneurônio alfa que inerva o músculo antagonista. Dessa forma,
ocorre um relaxamento do agonista – para protegê-lo de possíveis lesões – e uma
contração do antagonista. Um exemplo para este tipo de reflexo é a queda de
braço: quando certo grau de ação muscular é atingido, os músculos agonistas
relaxam e os antagonistas contraem, provocando a queda do braço do indivíduo
derrotado.
Diferenças entre
reflexo miotático e reflexo miotático inverso: o estiramento da musculatura
ativa o reflexo miotático provocando a contração dos músculos estirados,
retornando a posição inicial. Porém, quando o entorse for severo, a tensão da
musculatura aumenta muito, podendo rompê-la. Assim o reflexo miotático inverso
é ativado, relaxando a musculatura e provocando a queda do individuo.
Reflexo flexor
É ativado por um estímulo nociceptivo, que atinge as
terminações nervosas livres subcutâneas, as quais geram um potencial de ação
até o H medular, onde ocorre sinapses ipsilaterais e contralaterais ao estímulo
nociceptivo. No mesmo lado do estímulo, a fibra sensorial faz uma sinapse com
um interneurônio excitatório, que estimula o motoneuronio alfa do músculo
flexor – levando à retirada do segmento agredido - , e uma sinapse com
interneurônio inibitório, que inibi o motoneurônio alfa do músculo extensor,
relaxando-o. Simultaneamente, a fibra sensorial cruza o H medular e realiza o
processo inverso do outro lado, gerando contração dos músculos extensores e
relaxamento dos flexores contralaterais ao estímulo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário