INTER-RELAÇÕES DE ROTAS
Para entendermos este assunto
precisamos analisar os exercícios nos diferentes tempos de prova. É
indispensável conhecermos as diferenças conceituais de intensidade absoluta e
intensidade relativa. A primeira expressa sempre uma unidade física e a segunda
considera o indivíduo e é expressa percentualmente. Termos relativos vão
expressar sempre percentuais do máximo, o máximo do indivíduo naquele exercício
na comparação com o próprio indivíduo.
Analisemos o
gráfico:
Para qualquer
dos tempos que aparecer 10s, 20s, 3min. A 100%%, obviamente regulamos a velocidade
absoluta de forma a adequar o tempo de prova. Como funciona: fazendo o teste de
10s de duração a 100% temos a predominância da creatina fosfato, uma
contribuição da glicólise anaeróbia e uma contribuição pequena de aeróbio.
Analisando uma prova mais longa 400m, recorde mundial de 50s, temos
predominância de glicólise anaeróbia, CP, e glicólise aeróbica subindo. Uma
prova de 3000m, 9min há aeróbio, anaeróbio láctico e pequena contribuição de
creatina fosfato. Este gráfico é interessante, mas tem um problema: ele
trabalha com o aeróbio com se fosse uma coisa só. Mas sabemos que o aeróbio
tanto pode ser glicolítico como lipolítico. Vejamos outro gráfico separando o
aeróbio glicolítico do lipolítico também numa análise percentual de energia
frente ao tempo:
Numa prova de 1500m é cumprida em 5min a 100%%. Rota
predominante aeróbio glicolítico. Prova com 20min a 100%, rota meio a meio.
Carboidrato e gordura. Uma meia-maratona 1h15min predomínio de lipídios com contribuição
de carboidrato. Este gráfico também apresenta uma curiosidade. Que para iniciar
a queima de gordura necessito de pelo menos 20min. O que é na verdade um grande
equívoco. A utilização de gordura ou carboidrato não é uma expressão de tempo é
uma expressão de intensidade. Dependendo da intensidade o teu organismo vai
recrutar este ou aquele sistema. Dependendo de quanto precisamos de oferta energética.
Exercícios de Treinamento
É fácil de analisar quando falamos de exercícios cíclicos.
Corrida, natação, remo. Nos esportes cíclicos os tempos de intensidade estão
bem definidos. Grupos de corrida. Se perguntarmos a um corredor o tempo que ele
vai fazer nos circuitos de 5000m ele te responderá o tempo porque está
habituado a isto. O problema é o trabalho cíclico, futebol, basquete. Estas
atividades são de baixa intensidade e alta. Como avalio esportes que são de
baixa intensidade, média, e até alta intensidade alternando. Como o nado
sincronizado, dança, lutas. Primeiro tenho que conhecer muito o esporte.
Trabalho com vôlei tem que saber quantos saltos o jogador dá por jogo. Futebol
quantos tiros o jogador dá por partida. Como funciona no futebol. Um jogador
percorre cerca de 10km por jogo. Caminha, trota, anda de costas, anda de lado,
arranca. Se ele corresse 10km seria simples bastava treinar durante uma semana
10km, noutra 5km, alternando a intensidade. Mas no futebol não é assim que
funciona. Ele dividi os 10 km em caminhada, trote, corrida e tiro. Onde
ganhamos o jogo? No tiro. Desses 10 km mais ou menos 500m são de tiro. São 70
tiros de 7m. Temos que lembrar que futebol é um esporte territorial o objetivo
antes do gol é dominar o território. O que acontece gastamos um destes tiros
para chegar até a bola. E se tiver um jogador pouco móvel que dá menos tiros,
outro jogador tem que compensar para ocupar o território. Qual a rota? Quanto
tempo dura para percorrer 7m, um tiro: 2s em alta velocidade. Rota creatina
fosfato. Só que temos que treinar o atleta para dar 70 tiros de 7m. Não só um
tiro, e no nosso treino temos que fazer dar tiros de 2, 3,7 e 20m. Perda de
tempo treinar tiros de 100m, temos que treinar o que é real no futebol.
Pensando bioquimicamente, 1 tiro é creatina fosfato, mas 70 tiros isto não se
confirma. . São em média 40 tiros no primeiro tempo e 30 no segundo pela
intensidade que baixa no segundo. 40 tiros é 1 tiro por min. Vai haver pouco
tempo para repor a creatina fosfato que realizamos por tiro. A consequência,
começamos a usar mais glicólise anaeróbia e acumulamos lactato. Temos que
montar um treinamento para melhorar a creatina fosfato e melhorar a tolerância
à acidose láctica que vai sendo produzida por jogo. Saímos do campo e vamos
para o futsal. Praticamente diminui a distância, a principal diferença está nos
intervalos. No futsal dou um tiro de 7m e não tenho 1min de intervalo.
Consequência temos intervalos muito mais curtos e o tempo de reposição da
creatina fosfato é muito menor e com isso precisamos mais de glicólise aeróbia.
O futsal é em termos de acúmulo de lactato mais intenso que o futebol. Com isso
temos que treinar sequência de tiros com intervalos curtos. Vamos para as
lutas, o Box. Olimpico e profissional. No olímpico tenho pouca possibilidade de
nocaute, treino o quê? Golpes, pois há muita pontuação. Entro batendo, batento,
tudo isso num intervalo de 3min que é o tempo do round. O que é isto
metabolicamente? ATP, CP e glicólise anaeróbia. O boxe profissional, 10 ou 12
rounds, não dá para bater o tempo todo é muito round, não suportamos. Temos que
treinar resistência anaeróbia. 12 rounds de 3 min com 1 de intervalo com
intenso movimento de perna dos membros inferiores, metabolicamente aeróbio e
membro superior metabolicamente anaeróbio. E a dança? Qual a rota? Pode ser
muitas. Há momentos de baixíssima intensidade e longa duração, em compensação
muda tudo, alta intensidade num tempo curto.
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