sábado, 14 de dezembro de 2013

ALTITUDE E MERGULHO

Altitude

Os efeitos fisiológicos da exposição e atividade em altitude foram reconhecidos já há muito tempo, No entanto, após os Jogos Olímpicos de 1968, na Cidade do México, 2300m acima do nível do mar, se constatou que alguns atletas melhoraram a sua
performance logo nos dias que se seguiram ao evento, em contraste com os fracos resultados evidenciados, sobretudo nas provas de maior duração e componente
aeróbio
Os efeitos fisiológicos (e fisiopatológicos), bem como as adaptações, decorrentes da exposição à altitude são consequência da redução da pressão atmosférica ambiente e, por efeito da Lei de Boyle-Mariotte (que relaciona a quantidade de um gás num determinado volume com a pressão a que está submetido), da redução da pressão parcial de Oxigénio (ppO2) no ar ambiente, condicionando um grau de hipóxia crescente. Esta hipóxia é tolerada e contrariada por mecanismos fisiológicos de compensação até à
altitude de 3048m (denominada Zona Fisiológica), e a partir deste valor entra-se na chamada Zona de Déficit Fisiológico ou de Hipóxia em que a compensação já não é possível.
Adaptações do corpo a altitude
  • Aumento da capilaridade muscular
  • Aumento do hematócrito,
  • Aumento do 2,3 difosfoglicerato (2,3 DPG) - um intermediário da via glicolítica, que  desvia a curva de dissociação da oxiemoglobina para a direita, e tende a facilitar a  oxigenação periférica.
 Ocorre um ajuste a altitude, mas se  perde essa adaptação quando se  volta para o nível do mar em 2, 3 ou 4 meses (até porque as hemácias têm a vida
de, aproximadamente, 3 meses), devido à queda de estímulo pela eritropoietina.


  Metodologia do Treino em Altitude e/ou Hipóxico
As adaptações fisiológicas que ocorrem em consequência da exposição por um determinado período de tempo a uma pressão parcial de O2 atmosférica mais baixa do que a encontrada ao Nível do Mar – seja em condições naturais, em altitude, ou em condições artificiais de hipóxia ambiente controlada – podem ser utilizadas para aumentar o rendimento em períodos específicos da época desportiva. São várias as metodologias que têm sido tentadas e testadas para optimizar a ocorrência destas adaptações O modelo original consistiu em residir e treinar em altitude, o chamado LH-TH (live high – train high), cujos resultados iniciais eram inconsistentes – sabemos hoje que a resposta interindividual à altitude é variável e ainda porque os atletas não conseguiam treinar com a mesma intensidade com que o faziam ao nível do mar. Este método caiu em desuso e é apenas utilizado por atletas cujas competições se irão
realizar em altitude . Nos anos 90 foi proposta uma nova metodologia para permitir manter as intensidades de treino habituais e, ao mesmo tempo, usufruir dos efeitos adaptativos da permanência em altitude, consistindo na permanência em altitude com excepção do tempo destinado ao treino, que se realiza ao nível do mar – LH-TL (live high – train low). Após múltiplas tentativas para encontrar a “dose hipóxica ideal”, parece estar estabelecido que o atleta deve permanecer em altitude pelo menos 22h/dia durante 4 semanas para obter efeitos benéficos deste tipo de adaptação. Por outro lado, também têm sido referidos bons resultados através da exposição hipóxica a uma altitude simulada de 2500-3000m, por um período de 12-16h/dia. Esta técnica é obtida através de dispositivos/construções artificiais em que a ppO2 ambiente é artificialmente controlada, permitindo a construção de locais de treino hipóxico próximo dos locais
habituais de treino, onde os atletas podem residir e permanecer a maior parte do dia Os métodos de regulação da ppO2 consistem na diluição por azoto (N), em que a concentração ambiente de N pode atingir os 84,7% e na filtragem de O2, em que um dispositivo retém o O2 que passa para o ar ambiente a ser inalado. No entanto, alguns autores citados por Wilber referem a ocorrência de leucopenia e algum grau de imunosupressão, embora aparentemente sem repercussões fisiopatológicas.
Mais recentemente, tem sido proposto um novo método que corresponde a LL-TH (live low – train high), e em que os atletas vivem e treinam ao nível do mar mas fazem pequenos períodos de exposição hipóxica intermitente (IHT/IHE) durante as sessões de treino, através da utilização de dispositivos inaladores que retém o O2 ambiente. Os resultados obtidos ainda não são muito convincentes e a maioria dos estudos
não revela efeitos benéficos com este tipo de treino. No entanto, parece haver benefícios na adaptação necessária à realização de provas em altitude, obviando ao necessário e perturbante período de aclimatização e redução do treino que ocorre nestas circunstâncias


Mergulho


No mergulho, ocorre uma situação inversa: além do fato de não sermos capazes
de respirar espontaneamente, há o problema do aumento da pressão. O mergulho pode ser feito por apnéia (prendendo a respiração), ou por mergulho autônomo, usando um
implemento que facilite o mergulho na profundidade, normalmente um balão com ar;
esse ar é modificado, substituindo o nitrogênio por um ar inerte que não produz efeito
biológico, como o hélio, por exemplo. No mergulho com a garrafa (SCUBA-diving - Self containing underwater breathing aparatus), o gás deve ser substituído em caso de
mergulho prolongado, que combina profundidade e tempo. Existe uma tabela onde se identifica qual é a característica daquele mergulho; isso é importante porque, quando se vai a uma profundidade grande e se fica por um tempo razoável, as moléculas de nitrogênio, que são pouquíssimo solúveis em água, vão estar submetidas a tanta pressão, durante tanto tempo, que irão se dissolver lentamente no plasma. E, por ser hidrofóbico o nitrogênio tende a se dissolver nos tecidos lipídicos, como tecido subcutâneo, articulações e sistema nervoso, nas bainhas de mielina, podendo ainda causar sensação de embriaguez e sonolência.
O sujeito deve voltar à superfície de maneira lenta e progressiva, para dar tempo
da pressão parcial no organismo ficar maior do que a do ar respirado; dessa forma, o
nitrogênio vai voltando para os alvéolos e sendo exalado, até que não esteja mais
dissolvido. Se o mergulhador sobe rapidamente, o nitrogênio que estava forçadamente
 Sistema Respiratório Transporte de gases e Fisiologia da altitude e mergulho
dissolvido, devido à alta pressão, agora está exposto a uma baixa pressão e, subitamente, deixa de ficar dissolvido, voltando à forma gasosa, e formando gás de nitrogênio dentro do organismo, o que é chamado de Doença da Descompressão.
Se o mergulhador não faz muito bem essa descompressão, ele pode passar um ou
dois dias com dores articulares, enfisemas subcutâneo, presença de bolhas debaixo da
pele, cefaléia, náuseas e vômitos.  Existem câmaras que resgatam os mergulhadores na profundidade, que possuem um controle sobre o ar no seu interior, fazendo a descompressão de forma computadorizada. A pressão dentro dessa câmara, inicialmente, é igual à pressão que o mergulhador estava submetido na água naquela profundidade.

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