Altitude
Os efeitos fisiológicos da exposição e atividade em altitude
foram reconhecidos já há muito tempo, No entanto, após os Jogos Olímpicos de
1968, na Cidade do México, 2300m acima do nível do mar, se constatou que alguns
atletas melhoraram a sua
performance logo nos dias que se seguiram ao evento, em
contraste com os fracos resultados evidenciados, sobretudo nas provas de maior
duração e componente
aeróbio
Os efeitos fisiológicos (e fisiopatológicos), bem como as
adaptações, decorrentes da exposição à altitude são consequência da redução da
pressão atmosférica ambiente e, por efeito da Lei de Boyle-Mariotte (que
relaciona a quantidade de um gás num determinado volume com a pressão a que
está submetido), da redução da pressão parcial de Oxigénio (ppO2) no ar
ambiente, condicionando um grau de hipóxia crescente. Esta hipóxia é tolerada e
contrariada por mecanismos fisiológicos de compensação até à
altitude de 3048m (denominada Zona Fisiológica), e a partir
deste valor entra-se na chamada Zona de Déficit Fisiológico ou de Hipóxia em
que a compensação já não é possível.
Adaptações do corpo a altitude
- Aumento da capilaridade muscular
- Aumento do hematócrito,
- Aumento do 2,3 difosfoglicerato (2,3 DPG) - um intermediário da via glicolítica, que desvia a curva de dissociação da oxiemoglobina para a direita, e tende a facilitar a oxigenação periférica.
Ocorre um ajuste a
altitude, mas se perde essa adaptação
quando se volta para o nível do mar em
2, 3 ou 4 meses (até porque as hemácias têm a vida
de, aproximadamente, 3 meses), devido à queda de estímulo
pela eritropoietina.
As adaptações fisiológicas que ocorrem em consequência da
exposição por um determinado período de tempo a uma pressão parcial de O2
atmosférica mais baixa do que a encontrada ao Nível do Mar – seja em condições
naturais, em altitude, ou em condições artificiais de hipóxia ambiente
controlada – podem ser utilizadas para aumentar o rendimento em períodos específicos
da época desportiva. São várias as metodologias que têm sido tentadas e
testadas para optimizar a ocorrência destas adaptações O modelo original
consistiu em residir e treinar em altitude, o chamado LH-TH (live high – train
high), cujos resultados iniciais eram inconsistentes – sabemos hoje que a
resposta interindividual à altitude é variável e ainda porque os atletas não
conseguiam treinar com a mesma intensidade com que o faziam ao nível do mar.
Este método caiu em desuso e é apenas utilizado por atletas cujas competições
se irão
realizar em altitude . Nos anos 90 foi proposta uma nova
metodologia para permitir manter as intensidades de treino habituais e, ao
mesmo tempo, usufruir dos efeitos adaptativos da permanência em altitude,
consistindo na permanência em altitude com excepção do tempo destinado ao
treino, que se realiza ao nível do mar – LH-TL (live high – train low). Após
múltiplas tentativas para encontrar a “dose hipóxica ideal”, parece estar
estabelecido que o atleta deve permanecer em altitude pelo menos 22h/dia
durante 4 semanas para obter efeitos benéficos deste tipo de adaptação. Por
outro lado, também têm sido referidos bons resultados através da exposição
hipóxica a uma altitude simulada de 2500-3000m, por um período de 12-16h/dia.
Esta técnica é obtida através de dispositivos/construções artificiais em que a
ppO2 ambiente é artificialmente controlada, permitindo a construção de locais
de treino hipóxico próximo dos locais
habituais de treino, onde os atletas podem residir e permanecer
a maior parte do dia Os métodos de regulação da ppO2 consistem na diluição por
azoto (N), em que a concentração ambiente de N pode atingir os 84,7% e na
filtragem de O2, em que um dispositivo retém o O2 que passa para o ar ambiente
a ser inalado. No entanto, alguns autores citados por Wilber referem a
ocorrência de leucopenia e algum grau de imunosupressão, embora aparentemente
sem repercussões fisiopatológicas.
Mais recentemente, tem sido proposto um novo método que
corresponde a LL-TH (live low – train high), e em que os atletas vivem e
treinam ao nível do mar mas fazem pequenos períodos de exposição hipóxica
intermitente (IHT/IHE) durante as sessões de treino, através da utilização de
dispositivos inaladores que retém o O2 ambiente. Os resultados obtidos ainda
não são muito convincentes e a maioria dos estudos
não revela efeitos benéficos com este tipo de treino. No
entanto, parece haver benefícios na adaptação necessária à realização de provas
em altitude, obviando ao necessário e perturbante período de aclimatização e
redução do treino que ocorre nestas circunstâncias
Mergulho
No mergulho, ocorre uma situação inversa: além do fato de
não sermos capazes
de respirar espontaneamente, há o problema do aumento da
pressão. O mergulho pode ser feito por apnéia (prendendo a respiração), ou por
mergulho autônomo, usando um
implemento que facilite o mergulho na profundidade,
normalmente um balão com ar;
esse ar é modificado, substituindo o nitrogênio por um ar
inerte que não produz efeito
biológico, como o hélio, por exemplo. No mergulho com a
garrafa (SCUBA-diving - Self containing underwater breathing aparatus), o gás
deve ser substituído em caso de
mergulho prolongado, que combina profundidade e tempo.
Existe uma tabela onde se identifica qual é a característica daquele mergulho;
isso é importante porque, quando se vai a uma profundidade grande e se fica por
um tempo razoável, as moléculas de nitrogênio, que são pouquíssimo solúveis em
água, vão estar submetidas a tanta pressão, durante tanto tempo, que irão se
dissolver lentamente no plasma. E, por ser hidrofóbico o nitrogênio tende a se
dissolver nos tecidos lipídicos, como tecido subcutâneo, articulações e sistema
nervoso, nas bainhas de mielina, podendo ainda causar sensação de embriaguez e
sonolência.
O sujeito deve voltar à superfície de maneira lenta e
progressiva, para dar tempo
da pressão parcial no organismo ficar maior do que a do ar
respirado; dessa forma, o
nitrogênio vai voltando para os alvéolos e sendo exalado,
até que não esteja mais
dissolvido. Se o mergulhador sobe rapidamente, o nitrogênio
que estava forçadamente
Sistema Respiratório
Transporte de gases e Fisiologia da altitude e mergulho
dissolvido, devido à alta pressão, agora está exposto a uma
baixa pressão e, subitamente, deixa de ficar dissolvido, voltando à forma
gasosa, e formando gás de nitrogênio dentro do organismo, o que é chamado de
Doença da Descompressão.
Se o mergulhador não faz muito bem essa descompressão, ele
pode passar um ou
dois dias com dores articulares, enfisemas subcutâneo,
presença de bolhas debaixo da
pele, cefaléia, náuseas e vômitos. Existem câmaras que resgatam os mergulhadores
na profundidade, que possuem um controle sobre o ar no seu interior, fazendo a
descompressão de forma computadorizada. A pressão dentro dessa câmara,
inicialmente, é igual à pressão que o mergulhador estava submetido na água
naquela profundidade.
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